quarta-feira, 28 de março de 2012

Praça Vermelha

I

Ela me disse que partirá, em breve.
Eu, aqui, permanecerei.
A praça vermelha usurpa, de mim,
a minha mulher.
Uma das poucas que amei.

Estou certo que, em ti, praça vermelha,
ela certamente irá flanar;
hábito do qual, eu e ela,
e outros amantes
de fazer nunca irão parar.

Mas entendo que, em ti, praça vermelha,
o sonho dela é um fato.
Guarda contigo uma parte do meu coração,
tão rubro quanto ti,
que fraqueja. Fraqueja neste desato.

quarta-feira, 14 de março de 2012

SEM TÍTULO E INTERMINADO

Escrevo porque vi diante de mim
uma súbita ausência
que mergulha,
infinitamente

Escrevo porque tento salvá-los
nas noites frias e brancas
de terras sem fim,
continuamente

Escrevo porque embriágo-me
de pura insanidade
sem medida,
loucamente


Escrevo porque sou tolo
e amo

Escrevo porque não há razão
Não há motivo para escrever

Escrevo porque respiro ferro

Mas escrevo, acima de tudo,
porque sou itabirano.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Póstumo Amor

Sinto falta,
percebi que sinto falta,
falta de um póstumo amor.

Amor de remotos tempos,
tempos loucos, novos,
ensandecidos tempos.

O primeiro amor daquele amor
fui eu, e eu o moldei,
por isso sinto falta,
eu o fiz pra mim.

Mas não lastimo,
não caio em prantos;
ele é póstumo!

Não mais desejo aquele amor,
se é que posso chamar aquilo de amor.
Sinto falta, apenas.