segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Animal

Mais convicto estou eu
de que sou animal
entendam, meus caros,
que não me julgo um ser banal.

Animal banal seria
se não se escondesse,
de tudo e por tudo,
como se, depois de qualquer erro,
nem um ermo raio de sol merecesse.

Não desmereço meu coração de carne
que aqui por dentro bate
porém afirmo a existência de outro meu coração
que brada ao infinito:
"Pelo amor, até o fim do combate!"

Não espero dos outros animais
que me surpreendam a ponto de me calar
eu só peço tempo,
o meu "indesejado das gentes",
e que não esperem de mim mais que meu pobre coração possa sonhar.

[a seguir um possível final para o poema]

A existência de alguma lei ou razão
que me permita lhe fazer entender
meu conceito de animal
é desconhecida, no entanto, eis uma dica:
tampe a boca e as narinas; espere o que vai acontecer.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Palavras num instante

Assim sobre ele eu diria:
é como a "indesejada das gentes",
não sei se é duro ou coroável;
se quer saber do que falo
olhe para seu coração.

Se somos, do mundo, o resto
digam que pelo menos para isso presto:
amar ainda que insano,
sonhar mesmo que acordado,
viver cada instante de felicidade
e, talvez, morrer no mais puro sonho de liberdade.

sábado, 14 de novembro de 2009

A menina que contava sonhos

Acho que finalmente essa é a definitiva:

Uma menina me falou
que o amor brilha mais que o sol
e eu não sei se o que ouvi
saiu de mim ou veio do mar

Ela só disse que o amor
se escondeu no mar e não quis sair
não, não, não
quis sair

Uma menina me falou
que todo amor um dia dói
meu coração se acostumou
a sonhar um só amor

Eu vivi sete amores
numa só madrugada
mas na verdade eu queria
sete noites p'rum só amor
e meu sonho só termina
se assim eu desejar

Uma menina me falou
pr'eu não parar
de amar.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

É curioso observar as pessoas, principalmente quando observamos e nos analisamos ao mesmo tempo. O que me deixa imprecionado é como as pessoas amam. Enfim... isso me lembrou um soneto de Vinícius de Moraes:

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.